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segunda-feira, 1 de março de 2010

Casamentos do Entrudo


Nas semanas que antecedem o Carnaval é tradição realizarem-se os famosos “Casamentos do Entrudo” entre os rapazes e raparigas da aldeia.


Os mais velhos reúnem-se no ponto mais alto da aldeia e, com a ajuda de um grande funil de vinho, que servia de alto-falante, começam a chamar os “noivos” para a cerimónia.

As quadras recitadas para casar os noivos adquirem um tom jocoso e satírico, provocando a chacota entre os presentes:


Boa noite minhas meninas

Boa noite vos vimos dar

Arranjamos-vos amores

Estamos aqui para vos casar


Vamos casar a mocidade

Como era de tradição

Não queremos gente de beiça

Muito menos confusão


Raparigas preparai-vos

Não fiqueis a dormir a sesta

Não deixeis os noivos à espera

Senão à noite não há festa


Os casamentos estão marcados

Vamos lá começar então

O Diogo de Revel vai ser o Padre

E o Gonçalo de Revel o Sacristão


À menina Susana

Por ter migalheiro

Damos-lhe o Nuno

Que é homem com dinheiro


À menina Lígia

Por ser aluna de quadro

Damos-lhe o Celso

Que é um homem afamado


À menina Vanessa

Por gostar de mudar de farda

Damos-lhe o Luís

Que tem uma grande pancada


À menina Tânia

Por ter um pouco de fé

Damos-lhe o Bruno

Que a faz andar a pé


À menina Catarina

Por ser envergonhada

Damos-lhe o Ivo de Revel

Que a farta de porrada


À Daniela

Por em Chaves estudar

Damos-lhe o Ricardo

Que é homem que gosta de viajar


À menina Marina

Por ser morgada

Damos-lhe o Márcio de Revel

Que é um homem com trovoada


À menina Diana

Por ser muito afinada

Damos-lhe o André

Que a farta de trouxada


À menina Elizete

Por andar pelo Alentejo

Damos-lhe o Alexandre de Revel

Que é um homem de realejo


À menina Patrícia

Por estar no estrangeiro

Damos-lhe o Irmão Alexandre Revel

Que é homem sem dinheiro


À menina Flávia

Por ser toda elegante

Damos-lhe o Filipe

Que a farta de aguardente


À menina Inês

Por ser celestial

Damos-lhe o Diogo

Que é o seu homem ideal


Amanhã lá vos espero

O filho do Alfeu vai ser o padrinho

Não quero que vos falte nada

Muito menos a pipa do vinho


Rapazes e raparigas

A noite está muito fria

Cada um com a que lhe tocou

Esta noite bem dormia


Aqueles que não casaram

Deste ano já se livraram

Pró ano voltaremos

A casar os que faltaram



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